Num loteamento onde proliferam atentados urbanísticos, por força da inexistência de um planeamento global e de um acompanhamento cuidado por parte da Autarquia, destacam-se as obras inacabadas, marcas profundas de uma situação complexa agravada pela crise que condenou dezenas de moradores a uma luta solitária contra os inúmeros problemas com que se confrontam.
Nalguns exemplos, os múltiplos prédios misturam fracções concluídas com outras em estado bruto, que parecem apenas aguardar o decurso do tempo para que a ruína as consuma.
No conjunto de estaleiros aparentemente eternos, não surpreendem os recorrentes casos de toxicodependentes que acorrem aos muitos espaços cuja construção se encontra suspensa, sitos paredes-meias com as edificações concluídas e habitadas. Tão pouco são surpreendentes as nefastas consequências que resultam deste tipo de ocupação, sempre em prejuízo da tranquilidade dos moradores.
As várias empreitadas abandonadas tornam o local especialmente apetecível às investidas de actividades ilícitas, pelo que o reforço da segurança é uma prioridade urgente.
Exemplo evidente dos perigos que a população enfrenta diariamente é o da grua estacionada no terreno contíguo ao da Escola Básica de Real (E.B. 2,3) que, num considerável estado de degradação, ameaça desintegrar-se sobre as instalações da instituição de ensino.
Autarquia Adopta Postura da Avestruz
Ricardo Rio, candidato à Presidência da Câmara Municipal de Braga, destacou a responsabilidade decorrente da inacção da Autarquia. Nesta que foi já a sua quarta visita a Montélios, o candidato reforçou a ideia de que não é possível persistir no abandono de uma população à sua sorte, nem tão pouco enjeitar responsabilidades, como tem feito a Câmara Municipal. “Deixar sozinhos, desinformados e desnorteados os moradores, não pode ser uma opção para o Executivo. É essencial que a Câmara assuma os seus erros e omissões e aja em conformidade”.
Neste local, sugeriu, “conjugou-se a falta de planeamento com a total ausência de fiscalização da construção (de que resultaram inúmeros problemas entre os promotores e os moradores) e com a incapacidade de promover os arranjos da envolvente e a dotação de equipamentos públicos condignos (com a actual excepção de um pequeno Parque Infantil)”.
“A herança que alguns deixam à cidade é, mais uma vez, marcada pela incúria, pela desordem e pelo laxismo”, criticou Rio.
Rui Milhão, candidato à Junta de Freguesia de Real, destacou a inexistência de equipamentos de apoio à população, nomeadamente espaços de lazer e jardins, a inexistente sinalização e a ausência de passeios em várias outras franjas do loteamento, como outros dos factores que condenam Montélios ao imobilismo.
Perante a apreensão de muitos moradores, Rio e Milhão rejeitaram liminarmente a possibilidade de qualquer processo de realojamento maciço de moradores de bairros sociais da cidade, assegurando que tal contraria o espírito inclusivo que a própria Autarquia apregoa ser a marca da sua política de habitação social.
Equipa de Projecto para a requalificação urbanística de Montélios
Apesar do panorama preocupante, a mensagem que o candidato levou aos muitos populares que se abeiraram da comitiva da Coligação foi de esperança no futuro. “Ainda é possível reverter o estado de coisas”, garantiu Ricardo Rio.
A solução do imbróglio jurídico, financeiro e administrativo em que a urbanização de Montélios se tornou passará, no futuro, pela constituição de uma Equipa de Projecto que inventarie todos os problemas e identifique soluções concretas e rapidamente implementáveis, quer na esfera particular, quer no domínio público.
Tais soluções deverão ser sempre comunicadas e discutidas com os moradores e os promotores privados para que, em conjunto, se possam finalmente enfrentar de forma definitiva as preocupações de todos.