A nossa freguesia, segundo dados mais recentes, foi aquela do concelho de Braga com o maior crescimento populacional.
Somos actualmente uma freguesia onde se encontram os Realenses de sempre, os Bracarenses de agora e muitos Realenses que, tendo sempre vivido nas freguesias mais urbanas do concelho, tentados pelo baixo custo da habitação, nos últimos anos escolheram Real para viver.
Real está assim em risco de se tornar uma freguesia suburbana, dormitório, sem vida própria e sem alma.
Preservar a identidade da nossa freguesia é um desafio de dimensão extraordinária, que passa não só pela preservação do património edificado mas sobretudo pela preservação das vivências da nossa gente.
Fomos e continuamos a ser uma terra de artesãos. Das nossas gentes saíram os melhores mestres de arte sacra que inundaram a cidade de Braga e o País com o esplendor do barroco das suas igrejas.
Entre as nossas gentes, ainda hoje, encontramos muitos que continuam a tradição familiar de um ofício que os viu nascer e que vieram a abraçar com tanto orgulho para todos nós. São entalhadores de uma exelência única, escultores de marfim, pintores, douradores e restauradores, mestres em arte sacra que todos os dias lutam para preservar, em Real uma herança única além concelho.
É esta uma identidade de Real que importa proteger, divulgar e fomentar. São sobretudo homens que fazem da sua profissão uma paixão que doam, nas suas obras, em beleza a todos nós. São estes os homens que tornam Real uma freguesia singular e excepecional. Importa que esta arte encontre nos dias de hoje o seu espaço próprio, de tradição mas também de inovação. Importa que estes saberes, noutros tempos de transmissão familiar, se preservem e comuniquem às novas gerações.
Neste sentido é nossa proposta de, no âmbito próprio da Junta de Freguesia, criar condições para que Real continue a ser terra de artesãos.
A nossa proposta, aliando a preservação daquilo que de mais volátil há na cultura dos Realenses, à preservação da sólida pedra dos edifícios, passa pela proposta de reabilitação do Convento de S. Francisco e a sua afectação a 3 usos diversificados mas complementares entre si: a cração de um núcleo museológico de arte sacra originária de Real, a disponibilizição de espaços de oficina qualificados que permitam aos artesãos ali desenvolverem a sua arte, com dignidade e respeito pelas condições de segurança, higiene e saúde no trabalho, e o fomento de uma Escola para Aprendizes de entalhadores, douradores, pintores e restauradores de Real, naquele espaço onde, entre todos, se possam qualificar os nossos jovens numa profissão com futuro.
Deste modo estaríamos a aliar a recuperação de um edifício marcante da nossa freguesia à recuperação de uma identidade de Realenses como comunidade viva, própria e única.
Defendemos "Real, terra de Artesãos"! Defendemos a recuperação do Convento de S. Francisco como espaço de cultura, de trabalho e de aprendizagem. Defendemos a criação da marca "Made in Real".
Iremos propor que este espaço de cultura se chame Centro de Artes e Museu Mestre Porto Maia, em homenagem a um artista de Real, pintor do povo e da ruralidade.